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Os melhores almoços do mundo (2)

Também tenho referências de melhores almoços do mundo.

Geralmente, não são os familiares porque estes começam quando começam e acabam quando acabam, o que quer dizer que se vão esticando pela tarde e transformam-se numa espécie de tertúlia. Maravilhosa! Em que se conversa, discute, dizem-se piadas, atacam-se e defendem-se parceiros, enfim, uma delícia, como o João Paulo descreveu na "posta" que "postou", e muito bem, porque se não isto está mesmo a morrer. Aliás, é o que se me afigura que vai acontecer. Também, se calhar, já durou mais do que é costume durar uma pastilha....e esta anda um bocado sem sabor. Adiante!

Dizia então eu que me recordo de excelentes almoços. Este foi na "tropa"!

Estava um mancebo que conhecem a cumprir o chamado SMO, como Alf. mil., quando foi nomeado para fazer uma patrulha de visita aos régulados existentes a norte de L. Marques. E, lá fui, às sete da matina, num jeep Willys, magnífico, com um condutor e dois soldados, pelas estradas de terra vermelha daquela África tão linda.

Primeiro regulado - "Então como vai? Há problemas, falta de água, o gado tem alimento? As machambas estão a produzir? E tem aparecido por aqui gente estranha?" Respostas -Nada, nada, vai tudo bem, meu Alferes, só precisava médico, não tem. Às vezes gente está doente e tem lombrigas e diarreias e hospital é maningue longe..."

E lá continuámos, sem poder acudir à falta de médicos. A situação, mais ou menos idêntica, repetiu-se com o 2 e o 3º régulos visitados.

Quando teríamos andado mais de 100 km, o amigo Willys, resolveu falar - "Já não ando mais. Começo a deitar fumo e daqui não saio." E não saíu! Essa parte da história, de como se resolveu o assunto do jeep, fica para outra altura. Vamos ao almoço.

Depois de andarmos uns kms a pé, conseguimos, num aldeamento, que nos vendessem dois pombos, mortos e temperados na hora com sal, piripiri verde e óleo, assados à cafreal, acompanhados com farinha de milho cozida.

Que delícia! - Éramos quatro homens de vinte e poucos anos, às três da tarde, a rilhar dois pombos com a farinha de milho. Mas que maravilha de sabor e que excelentes cozinheiros existem em África! Até os ossos marcharam! Extraordinário almoço que ainda hoje me lembro dele!

4 Comments:

  1. João Paulo Santos said...
    É... a malta anda meia a dormir ou então nunca estiveram numa de blogues... da minha parte... peace and love.

    Na vez do blogue vou tendo uns jantares que duram até às 2am mas aqui só falo de almoços não posso divulgar os conteúdos das nossas conversas ao jantar... segredo profissional :)

    História interessante, falta-me essa África do mato, não que a queira numa de guerra mas como só vivi a África do Maputo e do Bilene... é curto.

    Nunca comi pombo mas este aqui devia estar mesmo bom.

    Bom proveito... quanto a mim vou comer uma sopinha de agriões.
    João Paulo Santos said...
    Por falar na África do Mato neste momento o meu livro é AFRICA ACIMA do Gonçalo Cadilhe e tenho o PLANISFÉRIO PESSOAL em lista de espera.

    Tenho também em lista de espera um recentemente comprado (16.00€ fui roubado?) FICHEIROS SECRETOS DA DESCOLONIZAÇÃO DE ANGOLA de Leonor Figueiredo que partiu em busca da resolução do mistério do desaparecimento do pai em Angola antes de 1975... descobriu coisas... promete este livro!

    Comprei-o não vá desaparecer do mercado como o outro :)
    R de Rui said...
    Este comentário foi removido pelo autor.
    R de Rui said...
    João Paul, era 1/2 pombo para cada um porque o pessoal do aldeamento não quis vender nem mais uma pena. Nunca os ossinhos do pescoço foram tão bem escovados. E ainda andavam por lá uns canitos para ver se lhes caía alguma côdea. Mas foi uma excelente refeição, isso foi...
    Quanto aos livros conheço os do Cadilhe e são interessantes. O outro não sei mas procura num blogue que se chama http://agualisa6.blogs.sapo.pt/, deve ter alguma informação sobre isso.

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