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Fora de horas

Tenho uma amiga que é Professora numa Escola ali para os lados do Restelo.

Como todos sabemos, nestes tempos conturbados, as reuniões nas Escolas repetem-se e prolongam-se frequentemente para horas tardias, acabando por já ser noite fechada quando ela regressa a casa.

Num destes dias teve de deixar o carro na revisão de modo que foi nos transportes públicos e, na volta, como não arranjou boleia, teve de ir apanhar o autocarro defronte do Estádio do Belenenses. É um local mal iluminado e onde já se têm verificado alguns assaltos.

Estava ela aguardando a chegada do bus quando vê aproximar, em marcha muito lenta, um carro com os faróis apagados. Começou a agarrar na carteira, encostando-a ao peito, tentando evitar o roubo por esticão e pensando “vou ser assaltada, vou ser assaltada…”

O carro parou mesmo junto dela e saiu um morenaço alto, espadaúdo mesmo, que rodeando a viatura se dirigiu a ela, inquirindo-a:

“Então, quanto é que tu levas?”

E ela, em pânico, tremendo, quase gaguejando, antecipando o roubo – “Só 150 euros”!

“Só!” – diz o morenaço irado, “e achas que é pouco? Gaita”.

E vai, mete-se no carro praguejando, enquanto as pernas da minha amiga não paravam de tremer, sem conseguir entender porque continuava com a carteira e com o dinheiro.

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