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E.F.I.C.Á.C.I.A.

Eficácia é, para mim, uma das palavras-chave do desenvolvimento de Portugal.

Nós não somos burros. Somos capazes de fazer tudo quanto os outros fazem. Pensar, criar, organizar, aplicar, desenvolver e, até, vender. E, ainda mais, “desenrascar”! Esta nossa característica levou-nos, nos séculos dos Descobrimentos, a caminhar para o desconhecido. E só é capaz de se aventurar assim, sem rede de protecção, quem sabe que se “desenrasca”. E deste modo emigrámos e nos espalhámos pelo mundo e estamos por toda a parte de tal modo que costumo dizer: “Português é como piolho, encontra-se em todo o lado até nas bainhas das calças”. E somos reconhecidos e requisitados por sermos capazes. Excepto quando estamos no nosso País. Aqui chegamos tarde, esquecemo-nos do que temos de fazer (ou do que fizemos), deixamos para depois de amanhã o que é para hoje, deitamo-nos tarde e levantamo-nos ainda mais tarde (excepção – quando Belmiro de Azevedo foi à Assembleia da República e começou a sessão às oito da manhã, se não erro), gostamos de dizer “agora não posso atender volte para a semana que já tenho a fotocópia tirada”, etc. etc. (vocês sabem do que eu estou a falar!!!…)

Mas, infelizmente, criámos uma monstra tão grande que nos faz perder tempo e andar à volta das coisas como um cachorro a tentar morder no próprio rabo, em lugar de irmos para a frente. Essa monstra é a cultura da desresponsabilização e, consequentemente, a ausência da respectiva penalização. Não existindo esta, tudo é possível porque nada de mau (ou de muito mau) nos vai suceder. Desconheço as razões que nos levaram a este estado mas ainda temos de juntar à monstra o excesso de “garantismo” para tudo o que é mau – atropelou? pois não sei, ia tão devagar, a culpa foi do nevoeiro…(o peão é que não devia ir no passeio), assaltou? roubou? passa droga? ah e tal, tem fome, é a sociedade que cria estas situações de injustiça, …. pena suspensa, mesmo depois de vários delitos; colarinhos brancos a locupletarem-se com o que não é deles? não vi, não sei, a mim nunca me disseram, nem assinei nada…; mentiu? quem?, eu não, foram apenas contradições, também não me posso lembrar de tudo…sinais exteriores de riqueza, enriquecimento súbito? quando, como, onde, aqui? …aqui não, não há disso; o polícia deu um tiro porque apanhou em flagrante delito? É pá, não pode, isto é violação de blábláblá…. os direitos humanos e tal, ainda se for o polícia a levar um tiro enfim, é o risco da profissão…. e penso que já me fiz entender (se não estiverem esclarecidos digam porque eu explico doutra maneira…). Adiante.

Para além daquela demonstração de eficácia a que o JP já aludiu na “posta” da Teoria da Conspiração, vou acrescentar uma que demonstra como os Portugueses também têm essa atitude quando existe regra para cumprir (e não para inglês ver).

Visitei aqui há uns tempos um amigo que vive fora (não é em Marte…) e possui uma casa com um terreno circundante com cerca de um hectare. Terreno relvado, nada de lixos, nem um papelinho, coelhinhos e esquilos saltitantes, volta e meia um corço, enfim lindo. Lindo e muito bem conservado.
- Amigo, isto dá-te um trabalhão a manter assim…
- Nem me digas, mas não tenho alternativa. Ou faço eu ou contrato alguém para o fazer. E não me posso descuidar.
- Então porquê?
- Porque o técnico da Câmara Municipal que cuida das zonas verdes, quando passa aqui, se eu tenho a relva mais alta que os centímetros estipulados, ou algum lixo, avisa-me “olhe que para a semana eu volto por aqui e preciso de ver isto arranjado”….ou deixa o aviso na caixa do correio.
- Ehh, digo eu, a pensar em Portugal, ele só volta daqui a um mês e torna a avisar…
- Nã, nã, ele volta mesmo para a semana e se não estiver tudo arranjado vai direitinho ao computador que traz no carro e cancela-me a carta de condução. E eu estou lixado porque me vai dar uma trabalheira do “caraças” para a ter de novo e custa-me uma pipa de “massa”. E isto se não for apanhado a conduzir com ela cancelada porque nessa altura fico também com o carro apreendido. Tás a ver que é melhor tratar da relva.

Como veêm, fácil e barato, sem excessos de “garantismos”. E o tal técnico só lhe deixa um papelito na caixa do correio a dizer que a carta está cancelada. Nalguns casos chama os vizinhos do prevaricador para comprovarem o mau estado da propriedade.

Moral da história – Bem mais barato e mais fácil de fazer do que deixar arder a floresta em Portugal todos os anos, por as matas não serem limpas.

Mas aqui, aquela actuação não era possível – tem que ser avisado por carta registada com aviso de recepção (só isso demora 8 dias) e depois a morada não é aquela… e isso era do meu bisavô… e o Estado também não limpa o que é dele! E, pronto, ardemos!!!!

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